Hoje
iremos refletir sobre o que ocorre com os peixes quando estão em condições de
estresse...
Primeiramente vamos compreender o
que é ‘estresse’, do ponto de vista fisiológico. Estresse, segundo Mello (1999)
representa uma condição em que o animal não consegue manter o estado fisiológico
normal devido a fatores denominados estressantes, comprometendo assim a sua
homeostase. Os agentes estressores em peixes podem ser de vários tipos, destacamos
aqui alguns desses agentes: de natureza física como o transporte, confinamento;
de natureza química como os contaminantes, o baixo teor de oxigênio ou pH da
água: ácido ou alcalino, reduzido ou elevado; e percepção pelos peixes de
predadores (SILVEIRA, 2009).
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Imagem 1 - Representação de um peixe sob estresse http://www.forumamordepeixe.com.br/viewtopic.php?f=72&t=1440 |
As respostas de estresse são
divididas em três categorias, sendo estas primárias, secundárias e terciárias. As respostas primárias são as
hormonais, as secundárias são mudanças nos parâmetros fisiológicos e
bioquímicos e as terciárias são o comprometimento no desempenho, mudanças no
comportamento e aumento da suscetibilidade a doenças.
Muitos pesquisadores
apontam que os níveis de cortisol é um bom indicador para avaliar estresse nos
peixes, sendo este um preponderante inibidor do desempenho reprodutivo de
peixes desencadeado por estresse. Quando expostos a situações estressantes
severas ou de longa duração, como por exemplo, exposição a metais pesados,
mudanças bruscas de temperaturas, manejo e confronto com predadores, os peixes têm
seus processos reprodutivos perturbados devido a alguns fatores como a
depressão da hipófise e de níveis
plasmáticos de gonadotropinas, ao decréscimo de níveis de hormônios esteróides,
à redução do tamanho dos ovos e da qualidade das larvas. Outras ações do cortisol envolve a redução na
taxa de crescimento e supressão das funções imune (LIMA et al. 2006).
O estresse inibe a taxa de crescimento através de efeitos
sobre o metabolismo e alteração do sistema endócrino que regula o crescimento. Pesquisas apontam que o Hormônio do Crescimento
(HC), que está envolvido com o crescimento, em condições de estresse, tem sua
secreção pela glândula pituitária, inibida. O estresse também pode exercer
efeitos inibitórios do crescimento através da diminuição dos níveis plasmáticos
dos hormônios T3 e T4, através da alteração do estado nutricional causada pela
redução na quantidade de alimento ingerida induzida pelo estresse, também sendo
observada influência do cortisol neste processo (OLIVEIRA & CYRINO, 1998).
A análise do cortisol plasmático é usualmente
utilizada em peixes como indicador de estresse, independente do seu estágio de
desenvolvimento. O cortisol age diretamente nas brânquias, intestino e fígado e
refletem as duas maiores ações desse hormônio, ou seja, o controle do balanço
hidromineral e do metabolismo energético.
Referências:
LIMA, L.C., Ribeiro, L.P., Leite, R.C, e Melo, D.C..
Estresse em peixes. Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4,
p.113-117, jul./dez. 2006.
OLIVEIRA, A.M.B.M.S, CYRINO, J. E. P., Estresse de
peixe em piscicultura intensiva. Anais. Recife, 1998.
MELLO, R.F. Influência da suplementação da dieta com vitamina C no crescimento e resistência à hipoxia em alevinos de piaussu (Leporinus obtusidens). Piracicaba, USP, 1999. 41 p. (Dissertação mestrado).
SILVEIRA, U. S., LOGATO, P. V. R., PONTES, E. C. Fatores estressantes em peixes. Revista eletrônica Nutritime, v. 6, nº 4. p. 1001-1017, julho/agosto 2009
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