quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Os efeitos de agentes estressores em peixes

Hoje iremos refletir sobre o que ocorre com os peixes quando estão em condições de estresse...
            Primeiramente vamos compreender o que é ‘estresse’, do ponto de vista fisiológico. Estresse, segundo Mello (1999) representa uma condição em que o animal não consegue manter o estado fisiológico normal devido a fatores denominados estressantes, comprometendo assim a sua homeostase. Os agentes estressores em peixes podem ser de vários tipos, destacamos aqui alguns desses agentes: de natureza física como o transporte, confinamento; de natureza química como os contaminantes, o baixo teor de oxigênio ou pH da água: ácido ou alcalino, reduzido ou elevado; e percepção pelos peixes de predadores (SILVEIRA, 2009).
Imagem 1 - Representação de um peixe sob estresse http://www.forumamordepeixe.com.br/viewtopic.php?f=72&t=1440

            As respostas de estresse são divididas em três categorias, sendo estas primárias, secundárias e    terciárias. As respostas primárias são as hormonais, as secundárias são mudanças nos parâmetros fisiológicos e bioquímicos e as terciárias são o comprometimento no desempenho, mudanças no comportamento e aumento da suscetibilidade a doenças.
 Muitos pesquisadores apontam que os níveis de cortisol é um bom indicador para avaliar estresse nos peixes, sendo este um preponderante inibidor do desempenho reprodutivo de peixes desencadeado por estresse. Quando expostos a situações estressantes severas ou de longa duração, como por exemplo, exposição a metais pesados, mudanças bruscas de temperaturas, manejo e confronto com predadores, os peixes têm seus processos reprodutivos perturbados devido a alguns fatores como a depressão da  hipófise e de níveis plasmáticos de gonadotropinas, ao decréscimo de níveis de hormônios esteróides, à redução do tamanho dos ovos e da qualidade das larvas.  Outras ações do cortisol envolve a redução na taxa de crescimento e supressão das funções imune (LIMA et al. 2006).
O estresse inibe a taxa de crescimento através de efeitos sobre o metabolismo e alteração do sistema endócrino que regula o crescimento.  Pesquisas apontam que o Hormônio do Crescimento (HC), que está envolvido com o crescimento, em condições de estresse, tem sua secreção pela glândula pituitária, inibida. O estresse também pode exercer efeitos inibitórios do crescimento através da diminuição dos níveis plasmáticos dos hormônios T3 e T4, através da alteração do estado nutricional causada pela redução na quantidade de alimento ingerida induzida pelo estresse, também sendo observada influência do cortisol neste processo (OLIVEIRA & CYRINO, 1998).
A análise do cortisol plasmático é usualmente utilizada em peixes como indicador de estresse, independente do seu estágio de desenvolvimento. O cortisol age diretamente nas brânquias, intestino e fígado e refletem as duas maiores ações desse hormônio, ou seja, o controle do balanço hidromineral e do metabolismo energético.


Referências:
LIMA, L.C., Ribeiro, L.P., Leite, R.C, e Melo, D.C.. Estresse em peixes. Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.30, n.3/4, p.113-117, jul./dez. 2006.
OLIVEIRA, A.M.B.M.S, CYRINO, J. E. P., Estresse de peixe em piscicultura intensiva. Anais. Recife, 1998.
MELLO, R.F. Influência da suplementação da dieta com vitamina C no crescimento e resistência à hipoxia em alevinos de piaussu (Leporinus obtusidens). Piracicaba, USP, 1999. 41 p. (Dissertação mestrado).
SILVEIRA, U. S., LOGATO, P. V. R., PONTES, E. C. Fatores estressantes em peixes. Revista eletrônica Nutritime, v. 6, nº 4. p. 1001-1017, julho/agosto 2009


Nenhum comentário:

Postar um comentário