quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Neurônios - Espelho

Porque bocejamos quando vemos alguém bocejar? Porque ficamos com os olhos marejados quando vemos alguém chorando? Porque sorrimos quando vemos alguém sorrir? Você já parou pra pensar o que nos leva a agir de acordo com que os outros fazem?

Imagem 1 - http://www.caramujolouco.com/wp-content/uploads/2009/11/tn.jpg





Imagem 2 - http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/05/neuronio-espelho.html



Imagem 3 - http://www.nature.com/nature/journal/v452/n7189/images/452814a-i1.0.jpg


Isso ocorre porque quando observamos alguém realizar alguma atividade/movimento, ativamos no nosso cérebro os mesmo neurônios de quando somos nós que realizamos determinada ação. Esta capacidade se deve aos neurônios – espelho, os quais estão distribuídos em várias áreas corticais fronto-parietal (LAMEIRA et al., 2006). A compreensão sobre essas células cerebrais nos permitem entender o quão os neurônios – espelhos são importantíssimos no aprendizado de atitudes e ações, como conversar, caminhar ou dançar, ou seja, graças a essas células executamos determinadas atividades sem necessariamente pensar nelas, apenas acessando o nosso banco de memória.
Imagem 4 - http://www.paulada.com.br/tag/neuronios/

Os neurônios espelhos foram descobertos por Rizzolatti e colaboradores na área pré-motora de macacos Rhesus. Estes pesquisadores demonstraram que alguns neurônios da área F5, localizada no lobo frontal, que eram disparados quando o animal realizava um movimento com uma finalidade específica (como apanhar uma banana, por exemplo) também eram ativados quando o animal observava um outro indivíduo (macaco ou ser humano) realizando a mesma ação (LAMEIRA et al., 2006).
Imagem 5 - http://corticalchauvinism.wordpress.com/2013/01/23/mirror-mirror-on-the-wall-mirror-neurons-and-autism/

Estudos posteriores mostraram que nós também temos neurônios-espelho, sendo estes muito mais sofisticados e flexíveis que os dos macacos. Uma equipe de neurocientista da Universidade de Parma, coordenado pelo neurocientista Giovanni Buccino, usou Ressonância Magnética Funcional (RMF) para medir a atividade cerebral de voluntários enquanto eles assistiam a um vídeo que mostrava várias sequências de movimentos de boca, mãos e pés. Foi possível constatar que, dependendo da parte do corpo que aparecia na tela, o córtex motor dos observadores se ativava com maior intensidade na região que correspondia à parte do corpo em questão, ainda que eles se mantivessem imóveis.
Alguns pesquisadores apontam que durante a evolução humana os nossos ancestrais alcançaram dominância ecológica, mais explicitamente, por meio dos mecanismos cognitivos foi possível conseguir vencer as demandas seletivas apresentadas pelo meio ambiente. Complementando esta ideia, tais pesquisadores sugerem que a maior pressão seletiva enfrentada pelos nossos ancestrais a competição intra-específica. Esta pressão, decorrente da vida social, seria compartilhada com outras espécies que têm vida social complexa como os primatas não humanos. Sendo assim, se os nossos cérebros são um produto da seleção natural e se a sua história evolutiva foi caracterizada por influências decorrentes da vida social, deveríamos encontrar as marcas desta história nas características funcionais e estruturais da cognição humana. Uma dessas marcas, possivelmente, são os mecanismos de ressonância ou os supracitados neurônios – espelho (YAMAMOTO, 2007).
Tal mecanismo nos permite imaginar o que se passa na mente de outra pessoa, colocando-nos no lugar do outro, ou seja, compreendendo suas ações. Isso acontece, por exemplo, quando vemos uma pessoa chorar por algum motivo, os neurônios-espelho nos permitem lembrar das situações em que choramos e simular a aflição dela. Sentimos empatia por ela, sentimos o que a pessoa está sentindo. Pesquisadores apontam que os neurônios-espelho são um mecanismo-chave para a aprendizagem. Como exemplo temos as dos bebês que tem a capacidade de imitar expressões faciais dos adultos, produzindo instintivamente “caras e bocas”. Isso ocorre pois os neurônios-espelho começam a funcionar logo na primeira infância.
Imagem 6 - http://bocadementecapto.blogspot.com.br/2012/05/neuronios-espelho.html

Em síntese, os neurônios espelho foram associados as várias modalidades do comportamento humano: imitação, teoria da mente, aprendizado de novas habilidades e leitura da intenção em outros humanos, sendo que a sua disfunção pode estar envolvida com a gênese do autismo (GAWRYSZEWSKI, 2007).




Para melhor compreensão sobre os neurônios espelhos, assista este vídeo:




Referências:

GAWRYSZEWSKI, L. G., JR., A. P., LAMEIRA, A. P., Neurônios espelho. Palestra apresentada na 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no dia 12/07/2007.
LAMEIRA, A. P., GAWRYSZEWSKI, L. G., JR., A. P. Neurônios espelho. Psicologia USP, 2006, 17(4), 123-133.
YAMAMOTO, M. E., Neurônios espelho e autismo: o ponto de vista da psicologia evolucionista. Anais da 59ª Reunião Anual da SBPC - Belém, PA - Julho/2007.

Um comentário:

  1. Muito bom. Abriu um leque de entendimento em várias situações da minha vida.
    Gratidão !!

    ResponderExcluir