Ecolocalização
Hoje
vamos falar sobre um surpreendente mecanismo utilizado por alguns animais para
se defender e/ou capturar alimentos, trata-se da ECOLOCALIZAÇÃO.
A ecolocalização é um mecanismo
utilizado por alguns animais para detectar a posição e/ou distância de objetos
através da emissão de ondas ultrassônicas. O funcionamento deste mecanismo é
relativamente simples de se compreender: os animais geram ondas sonoras com frequência
alta, normalmente acima da faixa de frequência audível, na altura do ultrassom.
As frentes de ondas geradas se deslocam pelo meio, atingindo o objeto a ser
identificado, retornando ao emissor que, simultaneamente, processa as
informações recebidas identificando a posição do obstáculo (CUNHA, 2010).
Os morcegos, por serem animais
noturnos e não possuírem uma boa visão podem emitir sons em torno de 60.00 Hz,
sendo estes organismos capazes de voar no escuro total, conseguindo desviar dos
obstáculos presentes em seu caminho e até mesmo caçar presas em movimento
(Fig. 1). Estes organismos utilizam-se do que a literatura denomina de sonar,
o qual consiste de um mecanismo de ecolocalização baseado na percepção da
posição de objetos no espaço pela geração de um som e recaptura do mesmo após
reflexão. (VATER & KÖSS, 2008, apud, RODRIGUES,
2010).
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Fig. 1 - Esquema de ecolocalização em morcego |
Nos
mamíferos, de uma maneira geral, a energia sonora emitida no ambiente chega até
o tímpano pelo canal auditivo, o qual faz parte da orelha externa. Essa energia,
com todas as suas características de frequência e intensidade, é transmitida
pelo tímpano aos ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo), que
farão a transmissão para a janela oval na cóclea, integrantes da orelha interna
(RODRIGUES, 2010).
As
células ciliadas responsáveis pela transdução da energia sonora em impulsos
nervosos é denominada de mecanorreceptores e localizam-se no órgão de Corti (Fig. 2) e seus cílios
encontram-se imersos na membrana tectorial, uma estrutura rígida e fixa. A vibração da membrana basilar causa o deslocamento da base do órgão de
Corti, mas não dos cílios dos mecanorreceptores, o que gera um movimento
relativo da célula em relação aos cílios (RODRIGUES, 2010).
Os cílios possuem canais iônicos de potássio
o qual encontram-se parcialmente abertos em repouso, de forma que mesmo na
ausência de som no ambiente o nervo coclear possui uma taxa basal de disparos
de potenciais de ação. O movimento relativo dos cílios, bidirecional, leva a aumento
do influxo de potássio, pelo estiramento da membrana em uma direção, e
fechamento dos canais em outra, causando despolarização e hiperpolarização do
potencial de repouso do receptor. Essa alteração na atividade eletrofisiológica
modula a quantidade de neurotransmissor liberado na fenda sináptica e, consequentemente,
a resposta dos neurônios ganglionares que integram o nervo coclear (Kandel e
col., 2000).
As
fibras nervosas que integram o nervo coclear não projetam-se diretamente para o
Córtex Auditivo Primário (A1), mas passam por núcleos do tronco encefálico,
onde há sinapses entre fibras provenientes de ambas as cócleas e importantes
para processamento da origem de uma fonte sonora (ângulo da fonte em relação ao
indivíduo). Assim como no sistema visual, todas as fibras atingirão o tálamo,
mais especificamente o Núcleo Geniculado Medial (NGM) onde há novas sinapses
para retransmissão da atividade eletrofisiológica para A1 (RODRIGUES, 2010).
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Fig.3 - Trajeto percorrido pelas fibras nervosas provenientes da cóclea até o córtex auditivo primário no cérebro (Extraído de Lent 2006). |
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