quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A ação do veneno da vespa jóia sob a barata


Hoje, vamos falar sobre a ação do veneno da vespa joia (Ampulex compressa) na barata Periplaneta americana


A espécie Ampulex compressa, comumente conhecida como vespa joia, é um parasita que utiliza a barata (Periplaneta americana) como hospedeiro servindo de fonte de alimento à sua larva ao nascer. Ambos os organismos fazem parte do grupo dos insetos.


O sistema nervoso dos insetos constitui-se de cérebro localizado na cabeça, posteriormente ao esôfago, e um cordão nervoso localizado ventralmente, com gânglios em cada segmento, anteriormente ao esôfago. A vespa joia, ao atacar a barata, injeta seu veneno, inicialmente, na região torácica da barata o que vai causar uma paralisia temporária nas suas patas dianteiras facilitando, posteriormente, a injeção precisa do veneno no cérebro no gânglio subesofágico. A segunda inoculação da vespa joia, leva ao estágio letárgico, pois a picada é diretamente na cabeça, mais especificamente, no gânglio subesofágico que é responsável pela inervação de peças bucais, e dele sai um cordão nervoso duplo que se estende ventralmente ao longo do animal e é constituído por vários gânglios menores torácicos e abdominais.

Imagem 1 - Representação do Sistema Nervoso dos Insetos -
http://www.colegioweb.com.br/wp-content/uploads/21690.jpg

O evento demonstrado no vídeo ocorreu, pois, a neurotoxina presente na peçonha da vespa agiu, possivelmente, como um antagonista dopaminérgico, ou seja, impediu a ação do neurotransmissor dopamina. Os antagonistas dopaminérgicos são compostos que se ligam aos receptores da dopamina, bloqueando a ação deste neurotransmissor, sem ativar os seus receptores.


Este neurotransmissor controla níveis de estimulação e controle motor em muitas áreas encefálicas, a exemplo dos gânglios encefálicos. Quando a ação deste neurotransmissor é inibida, os organismos são incapazes de se mover voluntariamente. Isto ocorre, pois, sem os sinais da dopamina os canais de cálcios estarão bloqueados impedindo que a informação do neurônio pré-sinaptico seja transmitida ao neurônio pós-sináptico. Não havendo a comunicação interneuronal, a barata permanece paralisada, e seu metabolismo diminui, realizando apenas as atividades suficientes para manter-se viva e alimentar a larva da vespa-joia.


Referência
HASPEL, G., ROSENBERG,L., A. LIBERSAT, F. Direct Injection of Venom by a Predatory Wasp into Cockroach Brain. Zlotowski Center for Neuroscience and Department of Life Sciences, Ben-Gurion University,Beer-Sheva, Israel Received 27 November 2002; accepted 21 February 2003.
 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

MECANISMOS EVOLUTIVOS DOS MAMÍFEROS





 MECANISMOS EVOLUTIVOS DOS MAMÍFEROS 

 Imagem 1 - Representação da grande diversidade dos mamíferos - http://visual.merriam-webster.com/animal-kingdom/ungulate-mammals/examples-ungulate-mammals_6.php

Os mamíferos possuem características morfo-fisiológicas peculiares que os permitem habitar diversos ambientes. Todas essas características são resultados de inúmeras adaptações ao longo de processos evolutivos que favoreceram a sua sobrevivência e reprodução ao ambiente em que habitavam/habitam. 
Dentre os mecanismos adaptativos apresentados pelos mamíferos estão a presença de pelos, dependendo do animal, revestindo todo o copo. Os pelos podem desempenhar várias funções dentre as quais destaco a de camuflagem (REIS, et al.2006) apresentada por alguns animais, uma vez que exibem coloração semelhante à do ambiente. Outra função importante dessas estruturas é auxiliar na termorregulação, pois mantém uma camada de ar em torno da pele reduzindo a perda de calor, ou seja, se constitui como um isolante térmico para o organismo. Os pelos originam-se a partir de células dérmicas e são reforçados por queratina, cobrindo parte ou grande parte de seus corpos (REIS, et al. 2006). 



Imagem 2 -  Detalhe da formação dos pelos -
http://mamiferosbrasileiros.blogspot.com.br/2010/10/pelos-inconfundiveis.html


A perda e calor latente evaporativo, através das glândulas sudoríparas, é um dos mecanismos de adaptação apresentados por alguns mamíferos ao estresse em ambientes quentes, quando um animal é submetido a altas temperaturas, ocorre um aumento da circulação sanguínea para epiderme, proporcionando uma quantidade adicional de matéria-prima para as glândulas sudoríparas e estimulando a sua ação (BRIDI, 2004).
Algumas espécies de mamíferos são gregárias apenas no período reprodutivo, no qual a mãe e seus filhotes permanecem juntos até que eles adquiram independência necessária à sobrevivência. Essa independência é determinada pelo desmame e pelo desenvolvimento de habilidades de captura de alimentos (REIS, et al. 2006).
            Para muitas espécies de mamíferos, como os das ordens Carnivora e Primates, o período de convivência com os pais é também aquele de aprendizagem. Isso ocorre, graças ao Sistema Nervoso Central (SNC) e seus componentes sensoriais, que tiveram a complexidade e o tamanho aumentado durante todo o processo evolutivo. Esse desenvolvimento proporcionou uma rede de células nervosas mais ramificadas e eficientes, fazendo com que os cinco sentidos (visão, olfato, tato, gustação e audição), se diferenciassem aos de outros vertebrados quanto à eficiência (POUGH, et al., 1993, apud REIS, et al. 2006).
As redes de células nervosas mencionadas anteriormente são os neurônios, as células musculares e as células sensoriais, que são células que se intercomunicam utilizando basicamente uma “linguagem elétrica” resultando em alterações do potencial de membrana. Estas células são caracterizadas por serem células altamente excitáveis [3].

Referências:
BRIDI, M. A., Adaptação e Aclimatação Animal. Revista Brasileira de Zootecnia. 2004.
REIS R. dos R., PERACCHI A. L., PEDRO, W. A., LIMA, I. P., Mamíferos do Brasil. Londrina, 2006. 437p.
[3] http://www.sogab.com.br/tecidonervoso.pdf (Acessado no dia 09 de setembro)